Todo mundo anda obcecado com “autocuidado”, “minimalismo” e “propósito”, mas basta aparecer um moletom lilás com ursinho bordado que metade da internet esquece a terapia e adiciona ao carrinho. Chamam isso de Geração Kidult, eu chamo de adultos funcionais com alma de criança mimada e cartão de crédito ativo.
A tendência é simples: pessoas com 25, 30, 40 anos consumindo estética fofa, cores pastéis, tênis com proporção de desenho animado, cases de celular que parecem brinquedos e bolsas que poderiam perfeitamente morar no quarto da sobrinha de oito anos. Só que agora tudo custa três dígitos e atende pelo nome de collab limitada.
Não é que a gente queira voltar pra infância. A gente só não aguenta mais a vida adulta sendo uma planilha eterna. Então a solução? Virar adulto com skin de personagem da Sanrio. Camiseta rosa, mascote fofinho, blush exagerado, feed pastel e a ilusão temporária de que boletos não existem.
A indústria, obviamente, percebeu. Marcas estão empurrando nostalgia com cara de produto novo, porque a lembrança afetiva vende mais que couro italiano. O apelo não é moda, é terapia disfarçada de consumo: “compre este casaco e recupere sua inocência de 2007”.
Spoiler: não recupera. Mas pelo menos fica bonito no espelho.
No fim, a estética Kidult não diz “sou jovem”. Diz “não vou deixar o mundo me engolir sem lutar com glitter”. A gente não quer ser criança de novo; quer ser adulto com conforto emocional e um pouco menos de cinismo.
E se pra isso eu precisar usar uma pochete em formato de coelho, que seja.
